Da cidade baixa pra cidade velha
Nada se dispersa tudo se disfarça
E quando aceitar onça miada acerta
Máscara que testa a mais cara mancada
Tampa de bueiro é rede que me resta
E por essa fresta quase tudo passa
Só não passa o preço de acordar sonhando
Pra dormir ligado esperto e sem pirraça
No tempo em que corria atrás de falsas pratas
Topei com alguns trabucos armas luminosas
Provei das medicinas do amor, da prosa
E não virei as costas nem neguei escolhas
Já me disseram que eu era de alma cigana
Mas a estrada se acaba se a cabeça entorta
Bebi da água do rio e fui enxergar a porta
Meu lugar eu fiz foi sobre as pedras
Pro meu lugar que é casa divina
Por essa estrada eu chego até Minas
Sou lá das serras, meu mar de terra
Rasteiras da vida atordoaram
Na beira da costa oeste eu vi o quanto
Soltei as correntes sem cair
Razão pela qual pude encarar
Que não dá pra negar quem te deu a mão
Volto para o campo pra cantar
Assistir a roça amanhecer
De que vale a grana meu senhor
Vale a testemunha de perder
Tudo o que julgava de valor
Sou lá das serras, meu mar de terra